quinta-feira, 30 de junho de 2011

O papel do crítico



Minha motivação para o texto de hoje se deu por causa dos comentários no blog do jornalista Ricardo Calil, que também costuma escrever sobre cinema, com muita maestria, diga-se de passagem, e que em seu post de hoje falou a respeito da animação Carros 2, e as razões que o levaram a não gostar do filme. Como ele mesmo aponta em seu texto, essa declaração causou um alvoroço, e algumas pessoas levantaram a lebre do papel do crítico e sua razão de existir. Não foi a primeira vez que vi isso, e com certeza não será a última, mas alguns protestos foram tão exagerados, que resolvi esticar um pouco esse assunto por aqui.

Meu papel por aqui também é o de comentar os filmes, e algumas vezes as opiniões dos nossos leitores são diferentes. Isso é óbvio, e ótimo ao mesmo tempo. Uma pessoa costuma escrever sobre determinado assunto por seu conhecimento, seu repertório, seu apego a determinado tema, e até por sua especialização. Mas isso nem de longe quer dizer que o especialista seja o cara mais correto do planeta. Estamos tratando aqui um assunto que mexe com emoções. O cinema não é uma ciência exata, e um filme que emociona milhões pode ser mais um filme sem graça na visão de determinada pessoa.

Isso não é errado, e colocar sua opinião pra fora não pode ser encarada como uma ofensa aos padrões naturais de existência. Cada um gosta de uma coisa, e ponto. E se eu não gosto, não quer dizer que você também não gostará. Para isso existe o espaço para a conversa. Para que ambos apresentem elementos que façam o outro lado entender a razão da minha preferência ou desgosto.

Mais do que isso, acredito que a crítica faça parte de um jornalismo que permite o pensamento do seu leitor. Quando eu escrevo que um filme é bom ou ruim, espero que alguém venha e confronte minha opinião, respeitando sempre o espaço de cada um, mas que raciocine a respeito do que ele assistiu ou sobre sua preferência por determinada produção.

Ser especialista e escrever sobre algo não transforma a pessoa em dona da verdade. De maneira nenhuma. E isso deve ser observado sempre, e em todos os campos do jornalismo ou de outras carreiras. Escrevo como jornalista, mas também é importante destacar que um especialista não é (pelo menos na imensa maioria das vezes) um jornalista. Isso acaba acontecendo com ele por sua facilidade em se expressar sobre aquele assunto que gosta.

Me incomoda um pouco o fato de as pessoas questionarem uma crítica avaliando o currículo do crítico. Sua base ou seu conhecimento para escrever que não gostou de determinado filme. Isso não prova nada. O camarada pode ter o currículo mais invejado no mundo do cinema, mas não gostar do mesmo filme que eu. Será que isso fará a opinião dele melhor ou pior do que a minha?

Muito pelo contrário. Gostar ou não pouco importa. A ideia aqui é discutir o entretenimento, e fazer disso algo gostoso e com espaço para todas as opiniões, quer sejam elas conflitantes ou não. A capacidade de debater sua preferência acaba aprimorando a inteligência das pessoas. Sempre!!!

E você, leitor, o que acha dos críticos?

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