quinta-feira, 29 de abril de 2010

Woody Allen, o cineasta camaleão

Por Sérgio Rizzo, especial para o Yahoo! Brasil (em 29/04/2010 no link http://br.noticias.yahoo.com/s/28042010/48/entretenimento-woody-allen-cineasta-camaleao.html )

Pode-se acusar Woody Allen de tudo, menos de ser preguiçoso. Em 44 anos de carreira, ele assinou 41 filmes para cinema como diretor e roteirista. Nesse período, trabalhou também como ator para outros cineastas, escreveu peças e contos, e ainda arrumou tempo, religiosamente, para tocar clarinete em sua banda de jazz.

Aos 74 anos, o sujeito não para: seu penúltimo filme, "Tudo Pode Dar Certo", entrará em cartaz no Brasil na próxima sexta-feira (30); o mais recente, "You Will Meet a Tall Dark Stranger", deverá estrear nos Estados Unidos em setembro; e o seguinte, "Midnight in Paris", será rodado em breve e terá a primeira-dama francesa Carla Bruni no elenco.

Gosto muito de Allen, e foi dureza chegar a uma lista com apenas 10 de seus filmes. Na seleção abaixo, tem um pouco de tudo o que ele fez -- de comédias mais descompromissadas a dramas sombrios. Como o personagem Leonard Zelig, uma de suas antológicas criações, Allen também é um pouco camaleão.

Veja a lista:

10 - "O Dorminhoco" (Sleeper, 1973)
A mais elaborada comédia de sua primeira fase como diretor, que inclui "Um Assaltante Bem Trapalhão" (1969) e "Bananas" (1971). Gags visuais complexas lembram o humor do cinema mudo. A trama, de ficção científica, é ambientada em uma sociedade autoritária no ano de 2173.

9 - "A Outra" (Another Woman, 1988)
Destaque entre os dramas psicológicos que afugentam uma parcela do público de Allen, mas que o satisfazem mais do que suas comédias. Em "A Outra", uma professora (Gena Rowlands) ouve sessões de terapia pela tubulação do prédio, e se interessa pelo drama de uma paciente (Mia Farrow).
8 - "Um Misterioso Assassinato em Manhattan" (Manhattan Murder Mystery, 1993)
No argumento original de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", havia a investigação de um crime. A situação desapareceu do roteiro, mas retornou nesse divertido reencontro entre Allen e Diane Keaton, que brincam com a tradição do filme policial "noir" dos anos 40 e 50.

7 - "Desconstruindo Harry" (Deconstructing Harry, 1997)
Harry Block, personagem de Allen, é um escritor com bloqueio criativo. Para piorar, as ex e atuais mulheres de sua vida o atormentam porque não gostam do modo como suas histórias as retratam. No mundo de Block, a realidade se combina com a ficção, a fantasia e as memórias.

6 - "Hannah e Suas Irmãs" (Hannah and Her Sisters, 1986)
Dividido em 16 segmentos, o filme acompanha três irmãs (Mia Farrow, Dianne Wiest e Barbara Hershey) e diversos personagens ligados a elas. Começa em uma festa pelo Dia de Ação de Graças, termina em outra -- com um final de que o próprio Allen, exigente, diz não ter gostado.

5 - "Memórias" (Stardust Memories, 1980)
Aqui, Allen toma como referência o clássico "Oito e Meio" (1963), do italiano Federico Fellini, para brincar com o lugar que ocupava no cinema dos Estados Unidos. Seu personagem, Sandy Bates, é um comediante de sucesso que resolve fazer dramas, para frustração de muitos de seus admiradores.
4 - "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (Annie Hall, 1977)
Comédia romântica que recebeu o Oscar de melhor filme, direção, atriz (Diane Keaton) e roteiro original (Allen e Marshall Brickman). O cineasta não foi buscar os prêmios: durante a cerimônia de entrega, em uma segunda-feira, preferiu tocar com sua banda de jazz em Nova York.
3 - "Zelig" (idem, 1983)
A vida misteriosa de Leonard Zelig, o "homem camaleão", é reconstituída em forma de documentário (ou "mockumentary", documentário falso). Allen faz Zelig, caracterizado até como negro. Os escritores Susan Sontag e Saul Bellow dão "depoimentos" sobre ele no filme.


2 - "Manhattan" (idem, 1979)
Cenário da maioria dos filmes de Allen, a ilha de Manhattan, em Nova York, ganha status de personagem neste longa. Observada com nostalgia, ela é descrita pelo protagonista como algo que "só existia em preto-e-branco e ao som de George Gershwin" -- como o cineasta a filma.

1 - "Crimes e Pecados" (Crimes and Misdemeanors, 1989)

A cultura judaica, a discussão sobre o sentido da vida e a existência de Deus, o sucesso e o fracasso na sociedade contemporânea, o tema da culpa: alguns dos pontos-chave na obra de Allen iluminam a história de um oftalmologista (Martin Landau) em crise de consciência.



quarta-feira, 28 de abril de 2010

Filme americano com humor inglês

Dirigido por David Schwimmer (Friends), Maratona do amor apresenta pitadas do humor característico inglês em suas passagens. Os roteiristas Michael Ian Black e Simon Pegg conseguiram dosar bem a trama, e surpreendem com o produto final.

Particularmente, gosto muito do jeito humorístico inglês. Parece ter mais estilo que escrachado americano. E a escola de atores (vide Monty Python) de humor inglesa é fora de série.

E o filme consegue explorar bem a sagacidade de Simon Pegg (Todo Mundo Quase Morto), em um elenco que ainda conta com Thandie Newton (Avatar) e Hank Azaria (Uma Noite no Museu).

Na história, um homem decide abandonar sua noiva grávida no altar. Cinco anos depois, descobre que ela era realmente a mulher de sua vida. Então precisa provar o seu amor e convencê-la de que é melhor que seu atual noivo rico. Para isso, ele terá de correr em uma maratona.

O filme explora bem as paisagens londrinas, com uma boa fotografia (Richard Greatrex) e uma narrativa dinâmica, num filme que agrada bastante. Nada de humor exagerado, mas risos na medida certa.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Onde compro um controle desses?


Taí um filme diferente. As comédias costumam ser encaradas com certa cautela. Nem as premiações, como o Oscar, por exemplo, costumam olhar muito para o lado dessa diferente arte, mas Click é um filme com um balanço incomum.
O próprio protagonista (Adam) costuma fazer papéis muito ruins, e alguns bastante badalados. Click tem um proposta diferente. Tenta vender uma mensagem de vida, ao mesmo tempo em que diverte. Até aí, nenhuma novidade, muitos outros filmes já fizeram isso.
O que importa é que a película tem uma narração interessante. Uma dinâmica que funciona em uma edição com diálogos rápidos.
No filme, um arquiteto viciado em trabalho encontra na seção secreta de uma loja um vendedor que lhe entrega um controle remoto capaz de controlar o tempo. No início tudo é divertido, mas logo ele percebe que o controle também está no comando de sua vida.
Apesar de alguns clichês humorísticos, comuns em qualquer comédia da atualidade, o filme tem muitas passagens bastante engraçadas. O roteiro é bem produzido, a fotografia é bem explorada, e o elenco, que conta ainda com as atuações de Kate Beckinsale (Anjos da Noite) e Christopher Walken (Pulp Fiction), vai muito bem. É uma boa pedida de filme. Divertido, diferente, engraçado na medida certa, e sem exageros (muito comuns nos filmes de Sandler).

segunda-feira, 26 de abril de 2010

No alto do céu


Amor sem escalas (Up in the air) é daqueles filmes que dependerá do seu humor para a avaliação. Você pode considerá-lo atual, envolvente, lento, chato, sem graça, excelente, sem sentido e, até mesmo (e sem querer abusar) todas as alternativas anteriores. Talvez a tradução do nome não ajude.

Na verdade, confesso que ainda estou "digerindo" o filme, que tem a cara de George Clooney (muitos diálogos, uma narrativa bem trabalhada, e até alguma diversão). Não quero dizer que todos os filmes de George são iguais, mas tenho a impressão que ele busca um certo padrão.

Adorei a atuação de Anna Kendrick (participou de Crepúsculo), que deu um tom de humor ao filme.

Na produção, um consultor que tem a tarefa de demitir funcionários para cortar os gastos das empresas, é obrigado a passar um tempo imenso em vôos sobre o país ou em quartos de hotéis, que sente-se ameaçado quando a empresa decide mudar a estratégia e manter os funcionários parados no prédio da matriz. Ele então leva a responsável pelo plano, uma jovem executiva, para conhecer a natureza de seu trabalho, o que, associado ao seu envolvimento com uma mulher cheia de segredos, pode levá-lo a reavaliar sua vida de solidão.

O filme pode parecer um pouco longo e lento, mas o diretor Jason Reitman soube explorar o problema da crise global ocorrida em meados de 2009 e, de uma certa forma, uma estratégia profissional (profissional???) muito comum no mundo dos negócios. A fotografia é muito bonita, e o elenco, que além de Clooney e Kendrick ainda tem Vera Farmiga, funciona bem e empolga. Um filme com muitas opções. Vale assistir, mesmo que algumas vezes a história pareça sem sentido.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pressinto algo nada bom


Nicolas, Nicolas... o que foi que você fez dessa vez??? Passou dos limites, não foi? Achou que seria pago pra fazer um thriler catástrofe, com algumas pitadas de suspense, alguma ação, e até algum drama, que seria sucesso total... no entanto, que barbaridade.

Sério!!! Adoro alguns dos filmes de Nicolas Cage, mas ele costuma bater seus recordes quando falamos em filmes de péssima qualidade, também.

Presságio é daqueles filmes com uma trama esquisita, efeitos especiais bastante básicos, com um elenco mediano, e uma narrativa que parece que vai... mas não vai...

Na história, que começa no ano 1959, um grupo de alunos faz alguns desenhos sobre como imaginam que será o futuro. Eles serão guardados em uma cápsula do tempo, que apenas será aberta em 50 anos. Um deles, feito por uma garota, traz uma série de números aleatórios. 50 anos depois o desenho chega às mãos de outra criança. O pai dele, por uma coincidência que só acontece em filmes desse tipo, percebe que trata-se de uma mensagem codificada que prediz as datas e os números de mortos de cada uma das grandes tragédias ocorridas nos últimos 50 anos. Ele então passa a investigar melhor o desenho e descobre que ele prevê mais três catástrofes ainda não ocorridas, a última delas de proporções globais.

O roteiro é cheio de "se". E "se" ele não fizzesse aquilo? Ou "se" ele não fizesse aquilo outro? Que em uma reflexão melhor, talvez o diretor (Alex Proyas) decidisse mudar tudo.

Se você curte doses de destruição (algumas delas do próprio protagonista), algum suspense, em um filme que promete algo que talvez não possa cumprir, Presságio é uma ótima pedida. Aconselho assistir sem nenhuma pretensão. Nenhuma mesmo...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O fim dos estúdios MGM?


Não é a primeira vez que ouço falar na venda ou fechamento dos estúdios Metro Goldwyn Mayer - MGM, conforme pode ser visto nos posts anteriores. Na verdade, muitos dos estúdios já passaram por problemas parecidos, e alguns até já foram comercializados ou até mesmo fechados (caso da Miramax, comprada e fechada pela Disney, e Paramount, comprada por um grupo de investidores).


Hoje, por exemplo, a MGM não é uma marca "autônoma". Sua proprietária, a japonesa Sony Pictures Entertainment, já é dona de outro grande estúdio de Hollywood, a Columbia Pictures, e hoje em dia, a Metro vive de seus sucessos do passado.


O fato é que chega a ser triste ouvir esse tipo de notícia. Como um apaixonado por filmes, o leão da MGM fez parte da minha infância, seus desenhos, seus filmes e, atualmente, até seu canal da TV a cabo.







Suas produções costumavam fazer muito sucesso e sempre havia a preocupação com a qualidade. Muitos, inclusive, fazem sucesso até hoje. Casos como o de 007 e seu James Bond, A Pantera Cor de Rosa, Rocky Balboa, O Mágico de Oz, E o Vento Levou, e produções de época com nomes consagrados como Greta Garbo, Joan Crawford, Vivian Leigh, Judy Garland, Fred Astaire, Gene Kelly e Frank Sinatra, em musicais memoráveis, além de tantos outros.



A própria MGM acabou se associando a outro grande nome em 1981, quando comprou a United Artists e, foi justamente nessa época que suas dívidas começaram a aumentar.



As transformações que o cinema sofreu, com produções repletas de efeitos especiais, cachês cada vez maiores para os atores e atrizes considerados estrelas, além da nova fórmula que recheia os roteiros (muito movimento e pouco conteúdo), também serviram para minar a estrutura do estúdio.


Sua história é muito rica, são tantos exemplos e excelentes produções, que seria necessário muito mais espaço por aqui, mas sinto que seria uma perda imensa se o nome MGM viesse a desaparecer. Tenho certeza que muitos adimiradores dos bons filmes e de tantos clássicos do cinema sentiriam falta de um nome tão importante. E você, o que pensa sobre isso? Mande a sua opinião.

Estúdio Metro-Goldwyn-Mayer estuda ofertas de compra

Fonte: AFP em http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201003231704_AFP_78844752

Os estúdios Metro-Goldwyn-Mayer, que atravessam muitas dificuldades financeiras, anunciaram nesta terça-feira ter recebido várias propostas financeiras, inclusive de compra, que estão sendo examinadas, segundo um comunicado.

Durante este prazo de avaliação, o estúdios têm a intenção de negociar com seus credores para adiar os prazos de pagamentos de 31 de março e 8 de abril, o que constitui um novo adiamento do pagamento de US$ 3,7 bilhões que deve.

A MGM não revelou o nome dos interessados. Entre as opções, avalia a possibilidade de continuar funcionando como uma entidade independente e a possibilidade de vender suas atividades.

O jornal The New York Times afirma que nenhuma das ofertas feita supera os US$ 1,5 bilhão, quando a MGM esperava 2 bilhões. Esta situação poderá conduzir a empresa à falência e posteriormente ser recuperada pelos credores.

A MGM afirma ter o maior catálogo de filmes do mundo,c om 4 mil títulos, incluindo a série James Bond, Pantera Cor de Rosa e Rocky.

MGM interrompe filmagem de novo '007' por crise financeira




Fonte: EFE em http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201004201719_EFE_78908302&idtel=

Os problemas financeiros no estúdio Metro Goldwyn Mayer (MGM) levaram à suspensão por tempo indefinido da filmagem do novo longa-metragem do agente 007, James Bond, segundo um comunicado divulgado hoje pela produtora Eon Productions.

O mais famoso dos espiões britânicos esteve pela última vez no cinema em 2008, interpretado por Daniel Craig no filme Quantum of Solace, e estava previsto que um novo capítulo da série da MGM chegasse aos cinemas no final de 2011 ou no início de 2012 para comemorar os 50 anos da franquia.

"Devido às incertezas sobre o futuro da MGM e o fracasso nas tentativas de venda do estúdio, suspendemos o desenvolvimento de Bond 23 por tempo indeterminado", afirmaram os produtores Eon, Barbara Broccoli e Michael G. Wilson.

Broccoli e Wilson disseram que não sabem quando o projeto "será retomado" e que não têm uma data para a estreia do filme, "que é uma sequência de Quantum of Solace.

Até agora, a próxima produção de Bond estava sendo supervisionada por Sam Mendes, que tinha participado da criação do roteiro com a intenção de chegar a dirigir o filme.

Desde 1995, Eon tem os direitos para a realização dos filmes de James Bond produzidos pela MGM, companhia com uma dívida de US$ 3,7 bilhões.

Os credores do estúdio pressionaram pela venda ou reestruturação com um novo fluxo de capital que permita a MGM ser totalmente independente. A Warner Brothers ofereceu US$ 1,5 bilhão para assumir o controle da companhia, mas ainda não houve resposta à oferta.

Os dois últimos filmes de James Bond, Cassino Royale e Quantum of Solace, foram coproduções de Sony e MGM e arrecadaram quase US$ 1,12 bilhão de bilheteria no mundo, apesar de posteriormente a MGM ter recuperado o controle unitário da franquia.

terça-feira, 20 de abril de 2010

A luta de um atleta em fim de carreira



O Lutador é um daqueles filmes que não agrada a todos. Particularmente, não sou um fã do gênero luta, e achei que o roteiro fosse mais um daqueles que explora a violência desnecessária, ou algo no estilo Rocky Balboa. Acreditei que o filme não fosse grande coisa, mas os prêmios dados à atuação de Mickey Rourke me convenceram a assisti-lo e, devo confessar, o filme surpreendeu.

Mais do que a atuação de um elenco (Marisa Tomei, Mickey Rourke, Evan Rachel Wood, Mark Margolis, Toddy Barry, Wass Stevens, Judah Friedlander, Ernest Miller) que trabalha muito bem em cada papel, o roteiro (Robert D. Siegel) e a velocidade da narrativa envolvem o telespectador, com uma fotografia (Maryse Alberti) bem trabalhada e uma edição bastante dinâmica.

O resultado é um filme biográfico com uma mensagem que agrada.

Mickey Rourke, no papel de um atleta de luta livre nos anos 80 é impedido de se apresentar depois de sofrer um ataque cardíaco. Também se envolve com drogas, consegue um emprego em um restaurante, inicia uma relação com uma stripper e tenta se aproximar da filha. É tanta coisa e mesmo assim consegue convencer (embora ele esteja a capa da gaita).

Se realmente não é a sua praia, evite, mas no geral, é um excelente filme, com uma trama agradável e uma história que não decepciona, o filme é uma boa pedida e diversão garantida.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tim Burton, o deslocado

Kristian Dowling/Associated Press

Por Fernanda Mena
Enviada especial a Londres (para Ilustrada no Cinema - http://ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br/)

Tim Burton acha que estranho mesmo é o mundo fora das telas. “Tudo está cada vez mais estranho, e não mais normal”, disse Burton, 51, à Folha em Londres, às vésperas do lançamento de seu novo filme, “Alice no País das Maravilhas”.
Inspirado na obra homônima de Lewis Carroll, um dos clássicos da literatura mundial, Burton criou uma versão da história em 3D repleta de distorções bizarras, figurinos sofisticados, cenários e personagens fantásticos. “Seus personagens foram tão explorados na cultura pop que encarei a obra como aberta a interpretações.”

O filme custou à Disney cerca de US$ 240 milhões (ou R$ 420 milhões). Estreou nos cinemas dos EUA e da Europa na última sexta-feira, e chega ao Brasil dia 23 de abril. “Alice” bateu o recorde histórico de bilheteria de estreia em final de semana para um filme que não é continuação, arrecadando cerca de US$ 210 milhões pelo mundo.

Em uma mesa-redonda com o diretor, da qual a Folha participou, Burton falou durante 15 minutos sobre o projeto “Alice”. Ao entrar na sala, agitado, sentou-se à mesa e disparou: “De quem é essa colher aqui?”, perguntou, segurando uma colher de chá deixada sobre a mesa por sua mulher, Helena Bonham Carter, que acabara de deixar a sala de entrevistas. Carter cercou-se de uma garrafa de água, uma xícara de chá e outra de café para conversar com os jornalistas. “Alguém precisava inventar uma bebida que misturasse chá, água e café. Só assim Helena não deixaria esse tipo de vestígio por aí”, brincou ele.

Passado o entreato, teve início a entrevista. Gesticulando sem parar, com seus cabelos para cima e olhos arregalados sob os óculos de lentes azuis, o diretor discorreu sobre o fascínio pelos personagens de Carroll.

PERGUNTA - O que lhe interessou na obra de Lewis Carroll?
TIM BURTON - Não foi tanto a história que me interessou, mas seus personagens. Para falar a verdade, não me lembro de ter lido “Alice no País das Maravilhas” na infância. Mesmo assim, eu conhecia os seus personagens por meio de músicas, imagens e ilustrações. Eles estão tão arraigados na nossa cultura, são tão poderosos como imagens, que não precisei ler Carroll para saber que aquilo era fascinante.

PERGUNTA - Por que personagens têm tanto impacto até hoje?
BURTON - Aí é que está a beleza desta obra. Por mais que tenham sido feitas mil análises sobre “Alice no País das Maravilhas”, a história permanece um enigma e seu poder se mantém ao longo dos anos. Entrar em contato com essa história é como quebrar o “Código Da Vinci”. Eu amo isso! Carroll fez algo que você não consegue penetrar realmente, que não fala ao raciocínio lógico, mas que dialoga com algo profundo em todos nós, algo subconsciente. Para mim, esse é o tipo de criação mais puro e fascinante que existe.

PERGUNTA - A fronteira entre sonho e realidade, muito forte em “Alice”, é o território preferencial de seus filmes. Por quê?
BURTON - Porque o mundo está ficando mais estranho, e não mais normal. No entanto, as pessoas continuam se esforçando em separar realidade de fantasia, quando essa divisão está cada vez mais embaralhada por conta da internet, da televisão etc. Para mim, fantasia sempre foi uma forma de explorar a realidade. Essa é a razão por que gostei tanto de fazer “Alice”. Nela, a vida interior, os sonhos e as imagens bizarras que uma imaginação pode produzir são, no fim das contas, reais e se transformam em ferramentas importantes para lidar com questões concretas.

PERGUNTA - Houve algum tipo de limitação nas mudanças feitas no enredo original de Carroll?
BURTON - Existem mais de 20 versões de Alice que, a meu ver, sofrem do mesmo problema: tentam ser muito literais. É por isso que nunca me conectei com nenhuma delas. Aquilo de que gostei do roteiro de Linda [Woolverton, roteirista] foi o fato de ela ter pego o universo de Alice e o ter colocado num contexto um pouquinho diferente, criando uma Alice mais velha, com 19 anos. O meu objetivo foi tentar da melhor maneira possível ser verdadeiro com o legado e o espírito dos personagens de Carroll, e não com a história em si. Segui meus instintos e minhas emoções sem medo. E, para mim, essa é a mensagem de “Alice”: continuar a ver as coisas de formas novas, diferentes e estranhas, algo saudável e artístico ao mesmo tempo.

PERGUNTA - Seus filmes sempre trazem personagens deslocados, que parecem não se encaixar no contexto em que vivem. Alice também é uma deslocada?
BURTON - Certamente! Ela não se encaixa no mundo nem na idade que tem. Está naquela fase esquisita em que não se sente confortável na própria pele. Há uma certa tristeza naquele personagem, e me identifico muito com ela nesse sentido. Acho que de tempos em tempos me sinto esquisito, desconfortável. Isso se torna mais forte em certas fases da vida. Do início da adolescência aos meus 20 e poucos anos foi um período muito complicado e difícil porque não me identificava com nada nem ninguém. É uma sensação que não abandona você nunca mais. Fica lá em algum lugar por mais que você esteja feliz e realizado. Toda vez que completo uma idade redonda, 30, 40, 50 anos, também enfrento esse desconforto por me sentir vulnerável, em transição.

PERGUNTA - Para fazer o filme, você já declarou ter se inspirado em desenhos que Arthur Rackman fez para a história de Carroll. O que há de especial neles?
BURTON - Para começar, hoje eu vivo na casa que era o antigo estúdio de Rackman. É um carma muito bizarro! Ele fez ilustrações de Alice e do Cavaleiro Sem-Cabeça, e hoje moro na casa dele! É incrível! Conheci seu trabalho ainda pequeno, quando vi algumas ilustrações que acompanhavam um conto de Edgar Allan Poe e achei que eram imagens de grande impacto. Por isso sabia de suas ilustrações para um livro de Carroll e as usei como referência.

PERGUNTA - Seu primeiro emprego foi na Disney. Como foi trabalhar novamente lá?
BURTON - Tenho uma relação engraçada com a Disney. Eles já me convidaram para projetos e depois me mostraram o caminho da porta de saída umas cinco vezes (risos). É uma relação de amor e ódio. Eles me adoram e chamam de volta, depois ficam com raiva de mim e me chutam pra fora. Eu tenho certeza de que isso vai continuar. No caso de Alice, eu disse que queria fazer esse material, sem ser muito sombrio ou fazer nada muito maluco. O material é esquisito o suficiente! É tão subversivo que, se fosse feito hoje em dia, provavelmente seria banido!

PERGUNTA - E é literatura infantil!
BURTON - Pois é! Se fosse produzido nos dias de hoje, jamais seria chamado de literatura infantil. Seria, provavelmente, proibido para crianças. E talvez para adultos também!

PERGUNTA - Você já foi visto como um cineasta underground, mas agora está fazendo um filme para a Disney. Qual é a diferença?
BURTON - Eu converso com muita gente que faz filme independente e percebo que os problemas são sempre os mesmos: você precisa da grana de alguém, seja de um estúdio ou de algum ricaço maluco, o que pode ser ainda mais complicado. A natureza do cinema é essa. Eu entendo essa natureza e aprendi a aceitá-la. Hoje consigo fazer filmes grandes ou de orçamento pequeno.

PERGUNTA - Esse é o oitavo filme que você faz com Johnny Depp. Que tipo de alquimia existe entre vocês?
BURTON - Nós nunca pensamos nisso, e talvez seja essa a mágica. Nós vivemos o presente, não pensamos no que já fizemos nem no que vamos fazer no futuro. Além disso, temos um gosto muito parecido, e isso ficou muito claro pra mim em “Edward Mãos de Tesoura”. Temos um atalho na comunicação que torna tudo mais fácil e divertido.

PERGUNTA - Como foi fazer um filme em 3D? Este é o futuro do cinema?
BURTON - Eu não sei se teria feito esse filme se não fosse 3D. A proposta me pareceu uma mistura de mídias interessante. E isso me deixou muito animado. O 3D é mais uma ferramenta. Algo que tem potencial de adicionar mais uma camada extra de sensações ao cinema. Existe a música, a cor, o movimento... e o 3D. Mas essa tecnologia não vai ser salvadora de nada nem a razão de ser do cinema. Pode acreditar que nos próximos meses será lançada uma porção de filmes 3D bem porcarias porque muita gente vai achar que basta ser 3D para ser bom. É a nova onda.

PERGUNTA - Qual será seu próximo projeto?
BURTON - Vou refilmar “Frankenweenie”, o segundo filme da minha carreira, em 3D.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Aficionado por ficção?



Blade Runner é ficção científica pura. O filme dirigido por Ridley Scott, que tem em seu elenco nomes como Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Daryl Hannah e Edward James Olmos, tornou-se um cult dos anos 80.

Atual até hoje, seu roteiro mescla boas doses de aventura, o suspense de um bom thriller, e até um pouco de drama. Alguns ousam dizer que existem até pitadas filosóficas ao longo da história.

No filme, que acontece no século 21 (antigamente o século 21 parecia tão distante), um policial é designado para exterminar andróides, conhecidos como Replicantes, que se revoltaram contra o sistema e se misturaram aos seres humanos. O filme desenha um futuro escuro e multicultural, cheio de poluição visual, prédios enormes e grandes diferenças sociais (acho que quase todos os filmes de ficção imaginavam algo assim).

O filme é diversão garantida. Com efeitos que funcionam até hoje e um elenco que trabalha muito bem. Existem versões diferentes, a original de 1982, e uma outra de 1992 com cenas extras e algumas modificações (versão do diretor), mas ambas são excelentes. Uma ótima pedida para um vídeo a qualquer hora.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Luz, câmera, suor!

Por Sérgio Rizzo, especial para o Yahoo! Brasil (em http://br.noticias.yahoo.com/s/14042010/48/entretenimento-luz-camera-suor.html , nesta data)

Espetáculos de massas, o cinema e o esporte costumam se encontrar com regularidade em filmes sobre dramas e triunfos vividos em campos, quadras, pistas e ringues. A lista abaixo, que procura contemplar o maior número possível de modalidades, traz dez exemplos do que esse casamento trouxe de melhor.

O ranking relaciona somente longas-metragens de ficção (os documentários sobre esporte merecem uma lista à parte), mas foram privilegiadas as histórias baseadas em fatos verídicos. O critério decisivo foi a capacidade de recriar na tela as sensações experimentadas por atletas e também por torcedores.
10 - "Wimbledon - O Jogo do Amor" (Wimbledon, 2004) O maior templo do tênis mundial ambienta a jornada heroica de um veterano em decadência (Paul Bettany) que encontra forças para avançar no torneio graças ao romance com uma jovem atleta (Kirsten Dunst). As cenas de partidas são impecáveis.

9 - "Um Domingo Qualquer" (Any Given Sunday, 1999) A temporada de um fictício time de futebol americano, Miami Sharks, tratada como espiral de emoções, rivalidades e disputas de bastidores. Destaque para o técnico veterano (Al Pacino), o quarterback afastado por contusão (Dennis Quaid) e a filha do proprietário (Cameron Diaz).

8 - "Grand Prix" (idem, 1966) Imagens de corridas da Fórmula 1 em 1966 foram usadas nessa recriação do circo do automobilismo, mas os carros dos personagens (interpretados por James Garner e Yves Montand, entre outros) eram de Fórmula 3. Na trama, toda a adrenalina que circula em autódromos.

7 - "O Vencedor" (Breaking Away, 1979) O ciclismo na perspectiva de jovens amigos de uma pequena cidade de Indiana (Dennis Christopher, Dennis Quaid, Daniel Stern e Jack Earle Haley) que se espelham, de maneira obsessiva, na vitoriosa equipe italiana da época. Assim, sonham com um futuro longe dali.

6 - "Momentos Decisivos" (Hoosiers, 1986) A história verídica do treinador Norman Dale (Gene Hackman), que conseguiu em 1954 a proeza de levar o time de basquete masculino de uma escola de ensino médio no interior de Indiana às finais estaduais -- no mesmo ginásio onde o Brasil viria a bater os EUA nos Jogos Pan-Americanos de 1988.

5 - "O Campo dos Sonhos" (Field of Dreams, 1989) "Construa-o, e ele virá": ao ouvir essa mensagem em seu milharal, um fazendeiro de Iowa (Kevin Costner) não sabe inicialmente o que fazer. Mais tarde, entende que deve construir na propriedade um campo de beisebol - e um evento sobrenatural confirma que estava certo.

4 - "Invictus" (idem, 2009) Adaptação do livro "Conquistando o Inimigo", de John Carlin, sobre como o então presidente sul-africano Nelson Mandela (Morgan Freeman) enxergou a oportunidade de cimentar a identidade nacional com a seleção do país que disputou, em casa, a Copa do Mundo de rúgbi de 1995.

3 - "O Milagre de Berna" (Das Wunder von Bern, 2003) A surpreendente vitória da Alemanha na Copa do Mundo de 1954, na Suíça, recriada com perícia rara em filmes sobre futebol. Entre os diversos personagens verídicos, duas figuras lendárias do esporte alemão: o treinador Sepp Herberger (Peter Franke) e o capitão Fritz Walter (Knut Hartwig).

2 - "Carruagens de Fogo" (Chariots of Fire, 1981) O atletismo em visão espiritualizada, com célebre trilha sonora de Vangelis, a partir da vitoriosa participação da equipe britânica nos Jogos Olímpicos de 1924, em Paris. A história se concentra no missionário escocês Eric Liddell (Ian Charleson) e no estudante judeu Harold Abrahams (Ben Cross).

1 - "Touro Indomável" (Raging Bull, 1980) Como o boxe é o esporte que melhor tratamento recebeu do cinema, a liderança no ranking fica, em nome de todos os outros grandes filmes sobre boxeadores, com a também espiritualizada visão da trajetória verídica do meio-pesado Jake LaMotta (Robert De Niro), da sarjeta ao triunfo, dali novamente à sarjeta, e por fim até a redenção.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sucesso nos quadrinhos, mas na telona...



Constantine não é tão novo (foi lançado no longelíneo ano 2003), nem se caracterizou como um sucesso absoluto. Na verdade, esta adaptação dos quadrinhos não agradou quase nada. Prova de que nem todos os sucesso dos quadrinhos servem para as telonas (ou telinhas).

O próprio roteiro teve vários remendos, atores que não aceitaram os papéis, o protagonista (originalmente britânico) precisou ser repatriado e o nome da história original (Hellblazer) também foi alterado.

O elenco tem a participação de Keanu Reeves, Rachel Weisz e até Shia LaBeouf (acho que um dos seus primeiros filmes), em atuações sem nenhum glamour (confesso que ver Keanu como protagonista em qualquer filme não me anima nem um pouco).

O resultado é um filme com boas doses de ação, efeitos e fotografia sinistros (que não agradam), num roteiro cuja narrativa lenta torna a história cansativa, e um elenco que, trabalhou como se não estivesse recebendo salário.

Constantine conta a história do exorcista John Constantine, que, literalmente, chegou ao inferno. Ele une-se à policial Angela para solucionar o misterioso assassinato da irmã gêmea dela. A investigação leva a dupla a um mundo sombrio, com anjos e demônios, provocando vários acontecimentos terríveis. A partir de agora, o único objetivo deles é conseguir se livrar das forças do mal e ter paz novamente, custe o que custar.

O filme vale ser assistido, mas sem muitas pretensões. Na verdade, sugiro assistir naqueles pacotes de fim de semana, em que são vistos vários filmes na sequência (ele pode ser o primeiro ou o segundo da série).

terça-feira, 13 de abril de 2010

Clint é o cara


Clint Eastwood é um profissional diferente. Um ator que participou de filmes fora de série e agora, como diretor, deixa um toque especial em cada uma das produções com que se envolve.

Diferentemente de outros diretores, os filmes de Clint se transformam em obras de arte. Pode reparar. Existe uma preocupação com todos os detalhes. A fotografia tem uma qualidade extra, o som costuma ser fantástico, o elenco vai sempre muito bem, a narrativa e a velocidade da edição não cansam, e as histórias, muitas delas baseadas em fatos reais, sempre se superam.

Invictus não é diferente. Com um elenco rico, que conta com Morgan Freeman e Matt Damon, a história acompanha o período em que Nelson Mandela sai da prisão em 1990, torna-se presidente em 1994 e os anos subsequentes. Na tentativa de diminuir a segregação racial na África do Sul, o rugby é utilizado para tentar amenizar o fosso entre negros e brancos, fomentado por quase 40 anos. O jogador François Pienaar é o capitão do time e será o principal parceiro de Mandela na empreitada.

Morgan Freeman é outro clichê de qualidade. Não canso de ver este veterano ator na tela. Ele traz uma paz aos seus papéis (até mesmo na sua participação em Batman), e no papel de Mandela mais uma vez se supera.

O filme é fantástico. Mesmo sendo um drama, a mensagem que fica é muito positiva e, embora retrate um período e ocorrências muito tristes, deixa a sensação de que o ser humano é muito melhor do que às vezes pode parecer. Vale cada centavinho do ingresso!!!

domingo, 11 de abril de 2010

Fanáticos espinafram criador de "Star Wars" em documentário

É uma frase pra lá de novelesca, mas que marcou uma geração: "Eu sou seu pai", revela Darth Vader a Luke, na primeira trilogia de "Star Wars", lançada entre 1977 e 1983.

"Eu tinha oito anos, foi devastador. O 'Império Contra-Ataca' mudou a minha vida", diz Alexandre Philippe, 37, diretor do filme "O Povo Contra George Lucas" (EUA, 2009), atração do É Tudo Verdade.

Acontece que, 20 anos depois da estreia da saga intergaláctica, o diretor George Lucas resolveu restaurar a trilogia, causando o primeiro desconforto na base de fãs fiéis, que por todo esse tempo vinham comprando uma enxurrada de merchandising --sabres de luz, bonecos, pijamas, cuecas etc.

Lucas limpou negativos, incluiu novos efeitos e, de quebra, mudou detalhes, gigantescos para os fanáticos --como fazer Han Solo (Harrison Ford) revidar um tiro, no lugar de dar o primeiro e matar um alien.

"Não vejo problema em voltar atrás e mudar, todo diretor faz isso. A questão é que Lucas se nega a restaurar os originais, ele quer que apenas as edições novas fiquem para a história. Isso é extremamente questionável e deixa os fãs indignados", disse Philippe à Folha.

A revolta continuou quando Lucas lançou a segunda trilogia, a partir de 1999, rompendo um hiato de 16 anos. "O filme foi mais hypado que Jesus", diz um fã. "Todo mundo viu mais de uma vez para ter certeza de que era mesmo uma decepção", diz outro. "Eu amo odiar George Lucas. Muito."

Os fãs têm participação fundamental no documentário. No site peoplevsgeorge.com, gente de todo o mundo enviou vídeos, depoimentos e paródias de "Star Wars", que ilustram o filme. No total, foram mais de 600 horas de material. "Tivemos coisas do Chile e da Argentina, mas não lembro de nada do Brasil", diz o diretor. "Achei curioso, sei que tem uma base grande de fãs ai. Talvez eles sejam tímidos? Pode encorajá-los a nos mandar. Ainda temos os extras de DVD."

Além de fãs, críticos renomados e personalidades do cinema também comentam o fenômeno cultural. "O grande sucesso de 'Star Wars' não o levou à independência. George nunca mais fez outro grande filme depois. No lugar disso, ele virou produtor, um empreendedor", diz Francis Ford Coppola.

E o próprio Lucas aparece bastante em imagens de arquivo: "Lutei contra o sistema corporativo e agora eu tenho uma corporação. Tem uma certa ironia aí. Virei o que eu tentava evitar, como Darth Vader."

Por FERNANDA EZABELLA, no caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo de 11/04/2010.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

As peripécias de Woody


O que falar a respeito de um filme dirigido por Woody Allen? Só de estar relacionado a ele já o torna cult, mas o roteiro modernoso de Vicky Cristina Barcelona deixa a desejar.
A fotografia do filme é muito bonita, e as atuações do elenco, que conta com Scarlett Johansson, Penélope Cruz e Javier Bardem, vai muito bem e convence. A narrativa é aquela clássica de Woody Allen, com muitos diálogos e, pelo menos no caso desta película, com uma edição que chega a cansar pelos excessos.
Fica difícil falar de filmes como esse, já que é um pecado mortal criticar Woody Allen e suas produções exóticas. Pra começar, a definição de comédia, em um filme que apresenta as peculiaridades de um relacionamento a três (ou quatro), não sei se pode ser caracterizado como comédia. Confesso que não achei muita graça.
A história gira em torno de duas jovens norte-americanas, em viagem para Barcelona a fim de passar as férias de verão, que acabam se envolvendo em confusões amorosas com um artista local.
Vale a pena assistir, os filmes de Woody costumam ser ousados, buscar o diferente, mas no caso de Vicky Cristina Barcelona, não deposite todas as esperanças na garantia de entretenimento.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sucessos que ganharam as telonas

Esse talvez seja um assunto bastante intrigante, e que exija uma discussão bastante longa mas, o que leva os produtores e estúdios de cinema a acreditarem que histórias de sucesso como brinquedos ou jogos eletrônicos farão sucesso nos cinemas?

Não me refiro a adaptações de obras literárias, ou remakes baseados em produções anteriores (filmes antigos ou seriados). Os exemplos são numerosos. Alguns com o final feliz, outros, nem tanto. São jogos de videogames ou computadores, e linhas de brinquedos que ganharam as telonas, no intuito de explorar o sucesso que já existia.

Muitas vezes são produções precárias, com um elenco de nomes famosos (na maioria), mas roteiros muito fracos, que não agregam valor ao nome e se transformam em fiascos.

Vamos aos exemplos. Mortal Kombat, um jogo de sucesso, chegou às telonas apostando alto no formato dos filmes de lutas, mas era (e ainda é) um filme feio, com uma narrativa confusa, e que não chegou a ser um sucesso.

O encanador Mario também arriscou nos cinemas, em Super Mario Bros, com nomes conhecidos como Bob Hoskins, Dennis Hopper e John Lequizamo. Não agradou, e sua bilheteria não cobriu nem os gastos com a produção. O filme é horroroso, e não consegue repetir o charme dos jogos.

Street Fighter, outro clássico dos games de luta que se tornou um fiasco nos cinemas. Raul Julia até tentou, mas Van Damme, cá entre nós, não dá. Nem em 1994, quando o filme foi lançado. O resultado? Fracasso total.

Doom não é tão antigo, e tenta explorar o sucesso do jogo de tiros em primeira pessoa. Confesso que não consegui assistir inteiro. E pelo visto não fui o único. Também não cobriu os gastos de produção.

Por outro lado, existem os exemplos mais positivos. Tomb Raider era um hit dos computadores que foi bem assimilado pelos aficionados dos cinemas. Acho que mais pela presença de Angelina Jolie. A história nem era grande coisa, nem a atuação de Angelina, mas o filme foi bem, embora não tenha conseguido criar a mesma atmosfera do game. A continuação, no entanto, não correspondeu.

Resident Evil, com Milla Jovovich, também foi bem nas telonas, e se transformou em série. Não é meu estilo preferido de filme, mas consigo assistir na boa. Não é daqueles filmes de terror que exploram a dor e abusam do sangue (bom, talvez só um pouquinho). Acho que caiu um pouco a qualidade nas sequências, mas ainda vende bem.

Temos também Transformers, da série de brinquedos. Dirigido por Michael Bay, com Shia LaBeouf e Megan Fox, que é um caso à parte. O filme é bem produzido, com muitos efeitos, boa quantidade de ação (embora algumas vezes não se saiba quem é do bem e quem é do mal), atraiu a legião de fãs dos colecionáveis, mas está entre o sucesso e o fracasso. Todos querem ver o filme, mas ele não agrada do jeito que deveria. É um daqueles casos de amor e ódio.

O mesmo acontece com G.I. Joe. Os brinquedos são sucesso até hoje (um pouco menos no Brasil, já que os preços não ajudam), e o filme tem uma produção boa, um elenco bem coeso e funcional, e uma dose bem agradável de ação e efeitos, mas não fez o sucesso imaginado. Também é daqueles que deixa a história sem fim, mas que a continuação não é garantia de sucesso ou qualidade.

Os exemplos são muitos, com Final Fantasy (horroroso), Double Dragon (lastimável), Barbie (ainda não vi), e muitos mais. E as produções desse estilo de filmes não para por aqui. Nomes como Smurfs, Thundercats (esse está difícil), He-man, e tantos outros devem chegar aos cinemas em breve. E embora tenham feito sucesso no passado, não significa garantia de diversão. Se depender dos exemplos passados, a tendência pode não ser boa. E você, o que acha? É uma boa ideia investir em filmes baseados em games e brinquedos? Mande a sua opinião.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Simplesmente adorável!!!



Como diz o rítulo, acredito que seja uma excelente forma de resumir a qualidade deste filme (adorável). O Pequeno Traidor é um filme fantástico.

A direção de Lynn Roth acerta em cheio, em uma película em que a fotografia é destaque, e as atuações de Alfred Molina e do garoto Ido Port funcionam muito bem.

O filme retrata o surgimento de uma grande amizade entre um menino israelesnse e um oficial das forças de ocupação inglesa, na Palestina (1947), meses depois de Israel se tornar um estado independente.

Existe como pano de fundo um fato histórico (a independência de Israel), mas foge da tentativa de lição de moral. A narração é rápida e agradável, sem diálogos intermináveis e em uma dinâmica que deixa um gosto de quero mais.

A história abandona um pouco a ideia de apresentar a tragédia/tom mais sério (comum em filmes parecidos), e foca em saídas divertidas e até inusitadas para retratar os acontecimentos que se desenrolam. Excelente produção, em vídeo, para toda a família.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Nossos novos vizinhos



O produtor Peter Jackson (o mesmo da trilogia Senhor dos Anéis) abusou da originalidade e, em parceria com o diretor Neill Blomkamp e um elenco sem nomes de peso, preparou um filme repleto de situações fora do comum.

O longa Distrito 9 até surpreende. No início parece um documentário, não é um primor em qualidade gráfica, mas cumpre bem o seu objetivo.

O filme leva o telespectador a um mundo no qual alienígenas aterrisam e acabam exilados em uma favela nos limites de Johannesburg, na África do Sul. Mas a história tem uma reviravolta quando um humano começa a sofrer uma estranha mutação e passa a ser perseguido por todos os lados.

Muitos consideram a história como uma metáfora para os preconceitos modernos. Pode ser verdade. O roteiro trabalha bem essa linguagem, e a boa combinação com cenas de ação se torna um atrativo.

Particularmente, achei o filme feio, com alguns clichês previsíveis e algumas passagens desnecessárias, mas os amantes de ficção científica têm nas mãos um bom produto, que no fundo cumpre o seu papel de entreter e ainda dá uma mensagem de moral (coisa que tem se tornado comum, em muitas produções).

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Surpresas, de fato



Filmes com John Travolta e Robin Williams costumam ser garantia de boa qualidade (claro que existem exceções), mas a reunião dessas duas feras no longa Surpresa em Dobro, da Disney, é simplesmente envolvente e sensacional.

A história não tem nada de extravagante (quem viu um filme de pais e filhos acha que já viu todos), mas o roteiro funciona bem e se transforma em uma ótima pedida para a matinê de sábado.

O elenco é uma ótima pedida. Além de Travolta e Williams, participam da trama Kelly Preston, Bernie Mac, Matt Dillon, e Ella Bleu Travolta. Ver a família Travolta unida emociona.

No filme, dois grandes amigos entram em diversas enrascadas pra satisfazer as vontades de duas crianças, filhos de um deles, isso sem perder o contato com a atribulada rotina de homens de negócios.

Pode até ser considerado uma história voltada ao público infantil, mas agrada os adultos também. O filme é super divertido, com passagens bastante engraçadas (algumas até previsíveis) e com certeza vale o preço do ingresso.