domingo, 11 de abril de 2010

Fanáticos espinafram criador de "Star Wars" em documentário

É uma frase pra lá de novelesca, mas que marcou uma geração: "Eu sou seu pai", revela Darth Vader a Luke, na primeira trilogia de "Star Wars", lançada entre 1977 e 1983.

"Eu tinha oito anos, foi devastador. O 'Império Contra-Ataca' mudou a minha vida", diz Alexandre Philippe, 37, diretor do filme "O Povo Contra George Lucas" (EUA, 2009), atração do É Tudo Verdade.

Acontece que, 20 anos depois da estreia da saga intergaláctica, o diretor George Lucas resolveu restaurar a trilogia, causando o primeiro desconforto na base de fãs fiéis, que por todo esse tempo vinham comprando uma enxurrada de merchandising --sabres de luz, bonecos, pijamas, cuecas etc.

Lucas limpou negativos, incluiu novos efeitos e, de quebra, mudou detalhes, gigantescos para os fanáticos --como fazer Han Solo (Harrison Ford) revidar um tiro, no lugar de dar o primeiro e matar um alien.

"Não vejo problema em voltar atrás e mudar, todo diretor faz isso. A questão é que Lucas se nega a restaurar os originais, ele quer que apenas as edições novas fiquem para a história. Isso é extremamente questionável e deixa os fãs indignados", disse Philippe à Folha.

A revolta continuou quando Lucas lançou a segunda trilogia, a partir de 1999, rompendo um hiato de 16 anos. "O filme foi mais hypado que Jesus", diz um fã. "Todo mundo viu mais de uma vez para ter certeza de que era mesmo uma decepção", diz outro. "Eu amo odiar George Lucas. Muito."

Os fãs têm participação fundamental no documentário. No site peoplevsgeorge.com, gente de todo o mundo enviou vídeos, depoimentos e paródias de "Star Wars", que ilustram o filme. No total, foram mais de 600 horas de material. "Tivemos coisas do Chile e da Argentina, mas não lembro de nada do Brasil", diz o diretor. "Achei curioso, sei que tem uma base grande de fãs ai. Talvez eles sejam tímidos? Pode encorajá-los a nos mandar. Ainda temos os extras de DVD."

Além de fãs, críticos renomados e personalidades do cinema também comentam o fenômeno cultural. "O grande sucesso de 'Star Wars' não o levou à independência. George nunca mais fez outro grande filme depois. No lugar disso, ele virou produtor, um empreendedor", diz Francis Ford Coppola.

E o próprio Lucas aparece bastante em imagens de arquivo: "Lutei contra o sistema corporativo e agora eu tenho uma corporação. Tem uma certa ironia aí. Virei o que eu tentava evitar, como Darth Vader."

Por FERNANDA EZABELLA, no caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo de 11/04/2010.

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