quarta-feira, 7 de março de 2012

Você ainda compra DVDs?



Recebi ontem um newsletter da CNET, um portal de tecnologia, onde um dos editores lançava exatamente essa questão. Você ainda compra DVDs? O texto sugere que as mídias tradicionais DVDs e Blu-rays caminhem para a extinção, assim como aconteceu com o VHS, principalmente por causa das novas tecnologias que disponibilizam vídeos por streaming, os chamados videos on demand. Isso provocou um emaranhado de pensamentos, que listo a seguir.

Obviamente, não é possível brecar o avanço tecnológico. Novas mídias e novas tecnologias surgirão de tempos em tempos, exigindo uma adaptação do mercado e de seus usuários. Me lembro quando lançaram o primeiro vídeo laser, nos idos anos de 1990. A mídia era linda, um DVD do tamanho de um disco de vinil, dourado, sem inscrições nem identificações. Era caro, difícil de manejar, e o seu conteúdo era muito pequeno. No Brasil, não pegou, e acho que no restante do mundo também. Logo foi substituído pelo DVD.

Mesmo a fase de transição entre VHS e DVD não foi das mais fáceis. Não pela adaptação, uma vez que as pessoas já haviam adquirido o costume (e gostado) de comprar CDs de músicas, e o formato, tamanho e, principalmente, qualidade, facilitaram o processo. Mesmo assim existia a questão de custo. Quando lançado, um filme era muito caro, e as locadoras também passavam por um processo de transição, deixando o custo da renovação do estoque por conta dos novos usuários. O valor da nova tecnologia era o principal empecilho. Hoje encontramos aparelhos de DVD a menos de 100 reais, e mídias por menos de 10 reais, mas no auge do seu lançamento, um player poderia custar mais de 1500 reais, e um filme, muito próximo dos 150 reais.

O mesmo pode ser falado do formato blu-ray. Dessa vez, parece que a tecnologia não empolgou tanto aqui no Brasil. Ainda existe toda a relação de custo, mesmo que os valores já tenham reduzido muito. Um player pode ser achado por até 300 reais, mas é no valor da mídia que o bicho pega. Os filmes são extremamente caros e, apesar de toda a qualidade, extras, e novidades, ainda não fizeram compensar seu valor. O resultado disso também pode ser percebido em seu repertório de lançamentos.

E as novas locadoras virtuais? Assim como as operadoras de TV a cabo que oferecem vídeos que podem ser assistidos com o simples apertar de um botão, sem que você saia do conforto da sua sala. Tudo isso tende a somar. Oferecer possibilidades. Mas no fundo, se o custo não for interessante, é somente mais um serviço disponível, mas sem uso. Como aquele seguro do seu cartão de crédito. Isso quer dizer que é um serviço ruim? Não. Hoje é um serviço de locação em um molde muito mais funcional, e com preços muito mais interessantes que os das locadoras. Em outros países, como os EUA, já colocou em xeque várias vídeo locadoras tradicionais, como a própria Blockbuster.

Mas e aí, sou a favor ou contra esse pensamento de extinção dos DVDs? Eu sou um colecionador. Um caso muito à parte daquilo que pode ser considerado um consumidor normal (sim, eu não me considero normal). Ainda invisto em VHS e, torço para que isso dê certo para que o valor do DVD caia e eu possa aumentar ainda mais a minha coleção. Mas esse é um caso diferente. A minha realidade.

A verdade é que essas mudanças costumam levar algum tempo por aqui. Exigem uma tecnologia de bom nível (acesso à internet com boa velocidade, por exemplo), e não só isso. A qualidade da transmissão está diretamente ligada ao equipamento que você tem em casa. Se é uma boa TV, pode ser que você consiga ver o filme em alta definição. Caso contrário, só será mais uma dor de cabeça.

Ainda assim, existe o custo da operação. A promessa é que você pague apenas 15 reais em muitos dos novos serviços oferecidos. Mas, como na TV a cabo, isso é apenas o pacote básico, com meia dúzia de canais sem muita graça. O aperitivo de um serviço que exigirá muito mais investimento da sua parte. Nos EUA, onde esse tipo de serviço é mais comum, o mercado sofreu uma estagnada nos últimos meses. Face à crise e ao crescente aumento nas tarifas.

Talvez seja uma boa saída frente aos preços exorbitantes cobrados pelas locadoras reais, mas para quem curte ter a mídia nas mãos, assistir quando bem entender, emprestar, deixar a família inteira assistir e repetir incansavelmente o mesmo filme durante o final de semana, pode não ser a solução ideal. Como destaquei, o serviço exige um tipo de tecnologia que não depende apenas da disponibilidade de bons títulos e de um bom equipamento em sua casa. Se o caminho (online) até a sua casa não for o melhor, pode ser que sua sessão de entretenimento não seja tão divertida quanto o prometido.

E quanto à extinção do velho DVD e até do blu-ray, isso é o caminho comum diante do avanço tecnológico. Não sei se será exatamente agora, mas isso com certeza acontecerá um dia. Desde que o mercado ofereça opções funcionais para essa provável substituição.

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