sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O Legado Bourne

O quarto filme da série Bourne pode ser encarado como qualquer coisa, menos como uma continuação da trilogia. Existem algumas citações às edições passadas e, obviamente, entender esta última versão fica muito mais fácil quando você já assistiu os outros filmes. No entanto, embora o filme seja bastante eficiente, sua história não consegue ter o mesmo peso e a mesma qualidade. Mais do que um problema técnico, parece mesmo ser um problema de roteiro.

Tecnicamente, o filme é fantástico. Ainda se destaca na fotografia (simplesmente fantástica), na trilha sonora, nas tomadas de perseguição, ação e luta, e também no elenco de peso. Grandes nomes, grandes intenções, mas nada disso se traduz de maneira razoável no desenrolar da trama. Na verdade, o filme tem um vínculo com seus antecessores, mas quer criar uma nova estrutura, com novos personagens, com detalhes que os conectem com a antiga trilogia, mas que tome novos ares. É, se pensarmos com mais seriedade, um recomeço.

O elenco é liderado por Jeremy Renner, Rachel Weisz e Edward Norton, mas conta ainda com outros grandes nomes. Todos eles de primeiríssima linha, e com atuações de muita qualidade, agregando muito valor à trama. Apesar de Jeremy Renner ser o mocinho, é Rachel Weisz que faz tudo acontecer. Sem ela, o filme teria um desenvolvimento completamente diferente.

A fotografia do filme é fantástica. Grandes tomadas. Grandes cenas. Uma mescla fabulosa entre o selvagem e a cidade. As sequências de perseguição lembram um pouco as perseguições de 007, mas não se iluda, ainda assim existem alguns exageros, e a produção não consegue alcançar o charme do espião inglês.

Existe um problema de conexão no filme. Seu enredo demora a pegar ritmo, e  o começo do filme é meio cansativo. Muito diferente do que acontece a partir do fim da primeira metade. O ritmo alucinante e a narrativa veloz que o filme assume deixa alguns detalhes perdidos, mas ainda assim, o filme funciona, e no quesito ação, é um prato cheio, com boas doses de adrenalina, capazes de levantar o espectador da cadeira.

No filme, Aaron Cross (Jeremy Renner) é agente secreto do governo que se envolve em um programa de lavagem cerebral muito mais perigoso do que aquele pelo qual passou Jason Bourne (vivido por Matt Damon na trilogia original), desencadeando situações que saem do controle.
É um filme com grande qualidade. Boa ação, excelente fotografia, grande trilha sonora, e um elenco realmente funcional, mas com detalhes em sua história, que não dão liga com as edições anteriores, e que se perde no devaneio de fazer algo grandioso demais, sem achar que isso pareceria muito fora da realidade. É uma pedida certa para quem curte boas cenas de perseguição, luta e tiroteio. O filme deixa no ar a provável atmosfera de sequência, comum em muitos filmes hoje em dia, mas pra isso, a produção precisaria se desvencilhar do seu passado para seguir e consolidar a nova estrutura.

FICHA TÉCNICA

Diretor: Tony Gilroy
Elenco: Jeremy Renner, Rachel Weisz, Edward Norton, Joan Allen, Albert Finney, Corey Stoll, Scott Glenn, Oscar Isaac, Stacy Keach, Sheena Colette, Nilaja Sun, Michael Chernus
Produção: Patrick Crowley, Frank Marshall, Ben Smith, Jeffrey M. Weiner
Roteiro: Tony Gilroy, Dan Gilroy
Fotografia: Robert Elswit
Duração: 135 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Classificação: 12 anos

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