quarta-feira, 16 de março de 2011

Ir ou não ir ao cinema, eis a questão


Cada vez mais fico espantado com o cinema na atualidade. Não quanto a qualidade dos filmes, localização, ou bem estar como forma de entretenimento. Mas pelo péssimo atendimento, sujeira, preços altos e, acima de tudo, falta de educação de seus frequentadores.

Quando o cinema era considerado um programa cult alguns anos atrás, podia até ser considerado menos confortável, no entanto, com a popularização dos últimos anos, as grandes redes avacalharam o cinema para aqueles que cultuam a prática, e a cada dia, o que se vê são cinemas com cadeiras de avião, mas desrespeito, piora no atendimento, e caos, muito caos em todo o resto.

Sim, pois o ponto mais importante nas avaliações sempre se refere ao conforto da cadeira e, mais ultimamente, e não ainda em todos os cinemas, a possibilidade de escolher e reservar o lugar onde se quer sentar. Ótimo! No entanto, alguém já percebeu que o espaço nas cadeiras e entre as fileiras diminuiu consideravelmente? Pois é, como em um avião, a cadeira confortável não elimina o desconforto de ter a pessoa da fileira da frente batendo a a cadeira em suas pernas a cada vez que decide recliná-la. Além disso, as pessoas com mais de 1,80m de altura precisam ficar curvadas para evitar ter que deixar o joelho na nuca de quem está à frente.

A sujeira impera em quase 100% das salas. Desde a fila para compra do ingresso, até a permanência na sala, são encontrados vários pontos de sujeira pelo chão. Você por acaso já assistiu um filme sentado onde o chão estava grudento? A sensação é maravilhosa. Você não sabe se assiste o filme ou se pensa no que seria aquilo que gruda você ao chão. Será que fica difícil passar um paninho úmido nas salas de vez em quando?

Talvez isso seja para não sobrecarregar demais os funcionários, que são brilhantemente instruídos e treinados. O que está no sistema ou aparece no computador eles sabem, mas se você perguntar algo fora dos padrões de perguntas frequentes que eles recebem nas cartilhas de treinamento, daí é outra conversa. Pergunte a respeito de um filme que estava no circuito ou algum futuro lançamento, e se surpreenderá com a resposta. Além disso, não existe posicionamento quanto as próprias regras do cinema. Menor de idade, sem acompanhamento, em salas com filmes com restrição de idade é prática comum. Será que o importante é vender ingressos, não importa a quem? De vez em quando tenho essa impressão. E se a regra não é essa, então o problema é o descaso dos funcionários e falta de fiscalização.

O pior mesmo são as pessoas mal educadas que frequentam esses ambientes. Sendo um local coletivo, acredito na velha máxima de que o seu espaço termina onde começa o meu, mas é muito comum as pessoas imaginarem que estão na sala de suas casas, e as cenas e acontecimentos que ocorrem são dos mais bizarros. São aquelas pessoas que narram o filme pra quem os acompanha, e pra outras 3 ou 4 fileiras à sua volta. São pessoas que ficam batendo os pés com irritação durante todo o filme. Tem aqueles que não prestam atenção a parte nenhuma do filme e ficam perguntando o que aquela pessoa está fazendo ali, ou como tudo aconteceu. Tem aqueles casais de namorados que decidem, de fato, namorar ao seu lado. Tem a turma do celular, que de tempo em tempo precisa ligar aquele farolete do celular pra ver se alguém muito importante, talvez o próprio Papa, ligou. O cara que precisa ver a cada 15 minutos a hora em seu iluminado relógio (se você entra em um cinema pra assistir um filme de uma hora e meia, qual a razão de saber a hora a cada 15 minutos?). E a turma do banheiro.

Esses merecem uma atenção especial. O camarada entra no cinema, a sala já está lotada, mas ele encontra um lugarzinho bem no meio. Sai pedindo licença e se encaixa na meiuca do povão. O camarada fica quietinho por lá durante um tempão. Come a sua pipoquinha, toma o seu refrigerante, assiste os comerciais, os trailers, vê a sala enchendo mais um pouco, percebe as luzes se apagando e, quando o filme começa, sofre um ataque urinário sem fim. Levanta umas 3 ou 4 vezes durante o filme, pedindo licença para todas as 800 pessoas sentadas pra que possa passar e correr ao toalete. Ele perde metade do filme, irrita a sala inteira, mas não perde o orgulho de estar por lá.

Já que citei, importante destacar os banheiros. Sujos, com péssima manutenção e, em alguns casos, creio servirem até de vestiário para os próprios funcionários. Eu mesmo já presenciei colaboradores de uma importante rede de cinemas escovando os dentes e se trocando no banheiro comum, na frente de clientes em geral.

E, por fim, mas não menos importante, o preço. Por que é que uma mesma rede de cinema pode vender ingressos a 14 reais em algumas salas e em outro local a 27 reais (e nem é 3D)??? O mais esperto vai gritar que é por causa do poder aquisitivo dos frequentadores do local onde está aquela sala. Ok, do ponto de vista comercial posso até concordar. Mas será que o preço não poderia ser mais democrático e igual em todas as salas? Quando eu digo democrático, é igual na menor escala, ou mais barato, se preferir. Sim, pois ficar em um cinema cheio de gente falante, do lado de alguém que levanta a cada 7 minutos pra ir ao banheiro, com o chão grudando, um casal se catando do outro lado, com um atendimento horroroso, e pagar 27 reais por isso é lamentável.

Pior é saber que o cinema, no final das contas, se tornou um programa pop, na pior essência da palavra. Será que isso tem jeito? Será que os antiquados e simpáticos cinemas de rua teriam alguma chance nesse mercado tão canibal? Ou a tendência é, de fato, a coisa piorar, sempre, sempre e sempre? Qual a sua opinião?

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