sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mostra de SP: Megaevento, Mostra de Cinema exige disposição e paciência


A história da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo teve início em 21 de outubro de 1977, quando o auditório principal do Masp (Museu de Arte de São Paulo) exibiu, em duas sessões noturnas, "O Enigma de Kaspar Hauser", do alemão Werner Herzog. Nos dez dias seguintes, o público assistiu no mesmo local a outros 18 filmes. O voto popular foi caseiro e premiou "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia", de Hector Babenco.
A 34ª edição da Mostra, que será aberta ao público nesta sexta-feira (22) e se estenderá até 4 de novembro, lembra apenas vagamente aquele evento de dimensões modestas criado pelo crítico Leon Cakoff, então responsável pela programação de cinema do Masp. Cakoff continua à sua frente, mas agora o festival programa cerca de 450 títulos em 25 salas (incluindo uma instalada no terreiro "A Pele do Invisível", na Bienal de São Paulo) e no vão livre do próprio Masp.
Não há como acompanhar por inteiro um megaevento dessa natureza. Cada espectador é obrigado a fazer o seu recorte da programação, com base nas sugestões da imprensa, nas indicações de amigos, nos comentários trocados nas filas das salas e, por que não, em apostas -- calibradas ou cegas. A oferta combina longas que serão lançados em breve no circuito comercial com outros que talvez jamais sejam exibidos outra vez por aqui, em espécie de mosaico gigantesco do estado das coisas no cinema internacional hoje.
Inicialmente organizada em torno de uma única seleção, a Mostra divide-se agora em seções. Na competição Novos Diretores, cineastas que estejam no máximo em seu terceiro longa-metragem disputam os prêmios do júri oficial, que faz suas escolhas a partir de recorte determinado pelo voto do público. Os títulos estrangeiros fora de competição compõem a Perspectiva Internacional. A Mostra Brasil engloba três subseções: Competição (com o voto popular também restringindo o universo de candidatos), Perspectiva e Curtas. O pacote se completa com retrospectivas, homenagens e apresentações especiais.
A 34a. Mostra promoverá também o 11º Festival da Juventude, que exibirá -- exclusivamente para estudantes -- filmes de temática jovem, em sessões gratuitas no Cine Livraria Cultura, no Cine Sabesp e no MIS (Museu da Imagem e do Som). E pode-se acompanhar o festival até mesmo sem sair de casa: pelo segundo ano consecutivo, uma seleção de filmes estará disponível para streaming no Festival Online, hospedado no Mubi. Cada título será visto pelos primeiros 500 acessos, e apenas depois da primeira exibição na Mostra.
Além do Festival da Juventude, a entrada será gratuita também em todas as sessões do Centro Cultural São Paulo, do Cine Olido, do CEU Perus, do MIS, da Matilha Cultural e do vão livre do Masp. Nos outros espaços, os ingressos custam R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia), de segunda a quinta; e R$ 18 (inteira) e R$ 9 (meia), de sexta a domingo. Quem não comprou permanentes ou pacotes de vale-ingresso, que permitem retirada antecipada, tem garantida uma cota mínima de entradas para todas as sessões, disponível no horário de abertura da bilheteria de cada sala -- mas que se esgota rapidamente no caso dos filmes mais procurados.
Duas exposições também integram a programação da 34ª Mostra. "Kurosawa – Criando Imagens para Cinema" reúne 80 storyboards (desenhos de produção) criados pelo japonês Akira Kurosawa (1910-1998) para “Kagemusha” (1980), “Ran” (1985), “Sonhos” (1990), “Rapsódia em Agosto” (1991), “Madadayo” (1993) e “Sob o Olhar do Mar” (2002), de Kei Kumai, com roteiro de Kurosawa. Aberta nesta sexta (22), ela permanecerá em cartaz no Instituto Tomie Ohtake até 28 de novembro. Inaugurada nesta quinta (21), a exposição "Lugares, Estranhos e Quietos" reúne fotografias inéditas do cineasta alemão Wim Wenders no Masp, até 9 de janeiro. Ao menos nesses dois casos, ninguém precisa se estressar nas próximas semanas.

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