segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Oscar indica nove títulos para melhor filme



Desde 2012, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood determinou uma mudança no número de indicados ao prêmio de melhor filme. Os candidatos escolhidos podem variar de no mínimo cinco e no máximo dez títulos. Mas, pelo segundo ano consecutivo,  abriu mão do que seria a “última” indicação na categoria.

erá que faltaram filmes que merecessem a vaga ou esse negócio de manter dez concorrentes se provou um plano furado? O fato é que Hollywood poderia, se quisesse, ter apontado um candidato final para o Oscar de melhor filme, mas não se esforçou muito para isso.

“Moonrise Kingdom”, de Wes Anderson, o filme hipster do ano, foi lembrado em várias listas de apostas e nas previsões de especialistas no assunto, mas terminou com uma solitária indicação pelo roteiro original.

“O Mestre”, de Paul Thomas Anderson, já estava meio desacreditado, mas, com tantos defensores,  poderia facilmente ter aparecido para completar a lista. Ou, já que a decisão de aumentar o número finalistas tem fins comerciais (mais indicados, mais visibilidade), “Os Vingadores”, o hit do circuito de 2012, poderia arredondar o número de candidatos. Não foi o caso.

E a falta de um décimo indicado a melhor filme foi a menor das surpresas reveladas no anúncio desta quinta-feira (9). Esta edição do Oscar tem tudo para ser lembrada como o ano em que mais caíram favoritos antes mesmo da cerimônia acontecer. Pré-candidatos que vinham de um rastro de prêmios, indicações e apostas tão sólido que sua ausência abalou fortemente a corrida. Para se ter uma ideia, esta é a primeira vez em que apenas dois dos cineastas indicados ao prêmio anual do Sindicato dos Diretores são finalistas ao Oscar.

“Argo” teve 7 indicações, “A Hora Mais Escura”, 5, mas seus comandantes, Ben Affleck e Kathryn Bigelow, respectivamente, foram esquecidos na categoria de direção. E o mais impressionante: as vagas que teoricamente seriam deles foram entregues a um cineasta estrangeiro (Michael Haneke, por “Amor”, 5 indicações) e a um diretor de uma comédia, resumindo bem o complexo --e bem dirigido-- “O Lado Bom da Vida”, 8 indicações. Se Affleck e Bigelow eram duas possibilidades fortes para ganhar o Oscar nesta categoria, agora a disputa parece centrada em Steven Spielberg, por “Lincoln”,  e Ang Lee, de “As Aventuras de Pi”, justamente os dois filmes campeões de indicações (12 para o primeiro, 11 para o segundo).    

Outro diretor esquecido pela Academia foi Tom Hooper, que capitaneou o ambicioso musical “Os Miseráveis”, dono de 7 indicações, mas também ficou de fora de roteiro adaptado. Bigelow e Hooper podem ter sofrido com a proximidade de suas últimas vitórias (em 2010 e 2011), mas o Oscar sempre resolveu isso não premiando em vez de não indicando. A ausência de Affleck é ainda mais estranha, já que a Academia costuma celebrar galãs que passam para o outro lado das câmeras, como Clint Eastwood, Kevin Costner e Mel Gibson. Os três podem ter sofrido pela antecipação do anúncio dos indicados e de todo o processo de votação.

Explicando: até dois anos atrás, as indicações ao Oscar aconteciam depois que quase todos os prêmios importantes da crítica (Globo de Ouro, Critics Choice, associações de Nova York e Los Angeles) e dos sindicatos (diretores, produtores, atores, roteiristas) tinham seus vencedores revelados. Ou seja, os acadêmicos podiam votar com base nos resultados dessas premiações. A mudança nos prazos fez com que os membros da Academia tivessem que correr atrás dos filmes e montar suas listas com a ajuda do que já tinha sido divulgado até ali. A entrega do Globo de Ouro, por exemplo, acontece apenas neste domingo (13). O impacto desta transformação mal foi sentido no ano passado, mas parece ter influenciado bastante o negócio neste ano.

Um caso notório é o de Marion Cotillard, estrela do francês “Ferrugem e Osso”. Apesar da interpretação em língua estrangeira, a atriz foi indicada aos prêmios do Critics Choice, entregue pelos críticos de TV; SAG, sindicato dos atores; Globo de Ouro e Bafta, o Oscar da Inglaterra. A indicação ao Oscar era dada como certa por nove em cada dez especialistas, considerando ainda que ela foi oscarizada falando em francês. Resultado: Marion não é finalista, mas sua conterrânea, a veterana Emmanuelle Riva, de “Amor”, ganhou sua primeira indicação ao Oscar e pode ser uma zebra na competição, aos 84 anos.

Cotillard também foi preterida em relação à menina Quvenzhané Wallis, de 7 anos, que se tornou a mais jovem atriz indicada ao Oscar. Seu filme, “Indomável Sonhadora”, que teve 5 indicações, também foi uma surpresa na categoria de direção. E, se muita gente duvidava da indicação de Joaquin Phoenix como melhor ator por “O Mestre”, foi outro quase “favorito” que ficou de fora da corrida. Em “As Sessões”, John Hawkes interpreta um personagem que só se movimenta do pescoço pra cima, o que se chama de “Oscar bait”, isca pro Oscar. Foi ignorado. O Wolverine Hugh Jackman e o astro de “Se Beber Não Case” Bradley Cooper estão na disputa.

Christoph Waltz garantiu sua vaga entre os coadjuvantes, deixando seu colega em “Django Livre”, Leonardo DiCaprio, e o vilão de “007 – Operação Skyfall”, Javier Bardem, sem indicações. A veterana Jackie Weaver foi lembrada na ala feminina, derrubando uma das queridas da Academia, Maggie Smith, de “O Exótico Hotel Marigold”.

Uma das ausências mais inexplicáveis é a de “Intocáveis” entre os filmes estrangeiros. Além de ser o longa francês de maior bilheteria fora da França, a história real – e de superação – parecia cair perfeitamente nas preferências da Academia e aparecia em todas as listas de apostas. Todas. Algumas pessoas acreditavam que “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” seria a oportunidade do Oscar fazer as pazes com Christopher Nolan. Fica pra próxima. O filme não foi indicado numa categoria sequer.

Talvez sejam as datas, talvez seja uma mudança de perfil, talvez seja só coincidência mesmo. O fato é que o Oscar deste ano está um pouco diferente e, por isso mesmo, mais interessante.

Por Chico Fireman, em 11/01/2013, no link http://cinema.uol.com.br/ultnot/2013/01/11/decimo-indicado-ao-oscar-de-melhor-filme-teria-varios-candidatos-fortes.jhtm

Veja a lista completa de indicados:

MELHOR FILME

 "Indomável Sonhadora"
 "O Lado Bom da Vida"
 "Lincoln"
 "A Hora Mais Escura"
 "As Aventuras de Pi"
 "Os Miseráveis"
 "Amor"
 "Django Livre"
 "Argo"

MELHOR DIREÇÃO

Michael Haneke – “Amor”
Benh Zeitlin - “Indomável Sonhadora”
Ang Lee – “As Aventuras de Pi”
Steven Spielberg – “Lincoln
David O.Russell – “O Lado Bom da Vida”

MELHOR ATOR
Daniel Day Lewis - “Lincoln”
Denzel Washington - “O Voo”
Hugh Jackman – “Os Miseráveis”
Bradley Cooper - “O Lado Bom da Vida”
Joaquin Phoenix – “O Mestre”

MELHOR ATRIZ
Jessica Chastain – “A Hora Mais Escura”
Jennifer Lawrence – “O Lado Bom da Vida”
Emmanuelle Riva – “Amor”
Quvenzhané Wallis – “Indomável Sonhadora”
Naomi Watts – “O Impossível”

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Christoph Waltz - "Django Livre"
Philip Seymour Hoffman - "O Mestre"
Robert De Niro – “O Lado Bom da Vida”
Alan Arkin – “Argo”
Tommy Lee Jones – “Lincoln”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Amy Adams – “O Mestre”
Sally Field – “Lincoln”
Anne Hathaway – “Os Miseráveis”
Helen Hunt – “As Sessões”
Jacki Weaver – “O Lado Bom da Vida”

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
“Amor” - Michael Haneke
 "Django Livre” – Quentin Tarantino
“O Voo” – John Gatins
“Moonrise Kingdom” – Wes Anderson e Roman Coppola
“A Hora Mais Escura” – Mark Boal

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
“Argo” – Chris Terrio
“Indomável Sonhadora” – Lucy Alibar e Benh Zeitlin
“As Aventuras de Pi” – David Magee
“Lincoln” – Tony Kushner
“O Lado Bom da Vida” – David O.Russell

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"Amor"
"Kon-Tiki"
"No"
"O Amante da Rainha"
"War Witch"

MELHOR ANIMAÇÃO
"Valente", de Mark Andrews e Brenda Chapman
"Frankenweenie", de Tim Burton
"Para Norman", de Sam Fell e Chris Butler
"Piratas Pirados", de Peter Lord
"Detona Ralph", de Rich Moore

MELHOR FIGURINO
“Anna Karenina” – Jacqueline Durran
“Os Miseráveis” – Paco Delgado
“Lincoln” – Joanna Johnston
“Espelho, Espelho Meu” – Eiko Ishioka
“Branca de Neve e o Caçador” – Colleen Atwood

MELHOR DOCUMENTÁRIO
“5 Broken Cameras”
“The Gatekeepers”
“How to Survive a Plage”
“The Invisible War”
“Searching for Sugar Man”

MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM
“Inocente” – Sean Fine e Andrea Nix Fine
“Kings Point” – Sari Gilman e Jedd Wider
“Mondays at Racine” – Cynthia Wade e Robin Honan
“Open Heart” – Kief Davidson e Cori Shepherd Stern
“Redemption” – Jon Alpert e Matthew O’Neill

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
“Adam e Dog” – Minkyu Lee
“Fresh Guacamole” – PES
“Head Over Heels” – Timothy Reckart e Fodhla Cronin O’Reilly
“Maggie Simpson em ‘The Longest Daycare’” - David Silverman
“Paperman” – John Kahrs

MELHOR CURTA-METRAGEM
“Asad” – Bryan Buckley e Mino Jarjoura
“Buzkashi Boys” – Sam French e Ariel Nasr
“Curfew” – Shawn Christensen
“Death of a Shadow (Dood van een Schaduw) – Tom Van Avermaet e Ellen De Waele
“Henry” – Yan England

MELHOR MAQUIAGEM
“Hitchcock” – Howard Berger, Peter Montagna e Martin Samuel
“O Hobbit: Uma Jornada Inesperada” – Peter Swords King, Rick Findlater e Tami Lane
“Os Miseráveis” – Lisa Westcott e Julie Dartnell

MELHOR EDIÇÃO
“Argo” – William Goldenberg
“As Aventuras de Pi” – Tim Squyres
“Lincoln” – Michael Kahn
“O Lado Bom da Vida” – Jay Cassidy e Crispin Struthers
“A Hora Mais Escura” – Dylan Tichenor e William Goldenberg

MELHOR FOTOGRAFIA
“Anna Karenina” – Seamus McGarvey
“Django Livre” – Robert Richardson
“As Aventuras de Pi” – Claudio Miranda
“Lincoln” – Janusz Kaminski
“007 - Operação Skyfall” – Roger Deakins

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Before My Time” (de “Chasing Ice”) – Música e letra de J.Ralph
“Everybody Needs a Best Friend” (de “Ted”) – Música de Walter Murphy e letra de Seth MacFarlane
“Pi’s Lullaby” (de “As Aventuras de Pi”) – Música de Mychael Danna e letra de Bombay Jayashri
“Skyfall” (de “007 - Operação Skyfall”) – Música e letra de Adele Adkins e Paul Epworth
“Suddenly” (de “Os Miseráveis”) – Música de Claude-Michel Schönberg e letra de Herbert Kretzmer e Alain Boublil

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
“Anna Karenina” – Dario Marianelli
“Argo” – Alexandre Desplat
“As Aventuras de Pi” – Mychael Danna
“Lincoln” – John Williams
“007 - Operação Skyfall” – Thomas Newman

DIREÇÃO DE ARTE
“Anna Karenina” – Sarah Greenwood (design de produção) e Katie Spencer (decoração do set)
“O Hobbit: Uma Jornada Inesperada” – Dan Hennah (design de produção); Ra Vincent e Simon Bright (decoração do set)
“Os Miseráveis” – Eve Stewart (design de produção) e Anna Lynch-Robinson (decoração do set)
“As Aventuras de Pi” – David Gropman (design de produção) e Anna Pinnock (decoração do set)
“Lincoln” – Rick Carter (design de produção) e Jim Erickson (decoração do set)

EDIÇÃO DE SOM
“Argo” – Erik Aadahl e Ethan Van der Ryn
“Django Livre” – Wylie Stateman
“As Aventuras de Pi” – Eugene Gearty e Philip Stockton
“007 - Operação Skyfall” – Per Hallberg e Karen Baker Landers
“A Hora Mais Escura” – Paul N.J. Ottosson

MIXAGEM DE SOM
“Argo” – John Reitz, Gregg Rudloff e Jose Antonio Garcia
“Os Miseráveis” – Andy Nelson, Mark Paterson e Simon Hayes
“As Aventuras de Pi” – Ron Bartlett, D.M. Hemphill e Drew Kunin
“Lincoln” – Andy Nelson, Gary Rydstrom e Ronald Judkins
“007 - Operação Skyfall” – Scott Millan, Greg P. Russell e Stuart Wilson

EFEITOS VISUAIS
“O Hobbit: Uma Jornada Inesperada” – Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton e R.Christopher White
“As Aventuras de Pi” – Bill Westenhofer, Guillaume Rocheron, Erik-Jan De Boer e Donald R.Elliott
“Os Vingadores” – Janek Sirrs, Jeff White, Guy Williams e Dan Sudick
“Prometheus” – Richard Stammers, Trevor Wood, Charley Henley e Martin Hill
“Branca de Neve e o Caçador” – Cedric Nicolas-Troyan, Philip Brennan, Neil Corbould e Michael Dawson

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