segunda-feira, 19 de maio de 2014

AT&T compra DirecTV por R$ 109 bi e consolidação de teles avança nos EUA


A companhia americana de telecomunicações AT&T comprou a DirecTV, operadora de TV por satélite, por cerca de US$ 48,5 bilhões (cerca de R$ 109 bilhões), num negócio que deve mudar o panorama do setor nos Estados Unidos.

Os conselhos das duas companhias aprovaram a transação em reuniões separadas, neste domingo (18).

A compra, no entanto, ainda terá que ser aprovada por órgãos americanos de regulação de controle da concorrência. O governo americano já está avaliando a proposta de compra da Time Warner Cable pela Comcast, por US$ 45 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões).

Se for aprovada, a Comcast terá 30 milhões de assinantes e controlará 30% do mercado de TV paga e 40% do de internet banda larga. Alguns especialistas do mercado entendem que a compra da DirecTV pela AT&T é uma resposta direta ao negócio feito pela Comcast.

O anúncio da criação de uma gigante de TV por assinatura acontece em um momento de transformação no setor, em que o consumo de vídeo, por exemplo, migra das TVs para a internet, e que as empresas de telecomunicação se preparam para lidar com mudanças cada vez mais frequentes.

Analistas do setor vêm crescimento mais fraco em alguns mercados, como o de TV por assinatura e telefonia móvel, enquanto outros têm significativa expansão - caso do segmento de transmissão de conteúdos de vídeo pela internet.

MAIS OPÇÕES

Com o negócio, a AT&T, segunda maior provedora de conexão móvel dos EUA, ganhará acesso a 20 milhões de assinantes da DirecTV, a segunda maior empresa de TV paga do país. Hoje a AT&T tem 5,7 milhões de assinantes desse serviço.

A aquisição também permitirá à empresa, sediada em Dallas, fortalecer suas ofertas de produtos, com telefone, internet banda larga e TV paga - pacotes que até então apenas empresas de cabo, como a Comcast, ofereciam aos consumidores.

Alguns analistas, porém, duvidam que a compra melhore a capacidade da AT&T para competir com a Verizon e a Comcast, que se associaram para vender conjuntamente seus produtos.

PREÇOS EM ALTA

A transação é mais um episódio do momento de consolidação pelo qual passa o mercado de telecomunicações americano, e amplia a preocupação de que consumidores sejam lesados, com menos opções e preços mais altos.

No ano passado, os serviços de TV a cabo tiveram aumento de 5,1% nos EUA, o triplo da inflação, segundo relatório do governo americano.

Pelos termos do acordo, a AT&T pagará US$ 95 por ação - US$ 66,50 serão pagos com ações da companhia e US$ 28,50 em dinheiro.

O valor está 30% acima do que as ações da empresa valiam antes que começassem os rumores sobre a compra. Incluindo as dívidas envolvidas na operação, o negócio está estimado em US$ 67 bilhões (cerca de R$ 150 bilhões).

Em nota, o presidente da AT&T, Randall Stephenson, disse que, com a fusão, espera "aumentar a inovação e oferecer aos clientes novas opções em serviços móveis, de vídeo e de banda larga".

Também afirmou que comprar a DirecTV foi a "melhor opção" para a empresa, porque, além de ser líder no setor de TV por assinatura, cresce em ritmo de expansão acelerada na América Latina.

A DirecTV tem 18 milhões de assinantes na América Latina. No Brasil, a empresa está sob responsabilidade da Sky.

"É uma oportunidade única que irá redefinir a indústria de entretenimento de vídeo e criar uma empresa capaz de oferecer novos pacotes e distribuir conteúdo para os consumidores por meio de múltiplas telas de dispositivos móveis, TVs, notebooks, carros e até aviões", afirmou Stephenson.

Para o presidente da DirecTV, Mike White, o negócio "trará benefícios significativos para todos os consumidores, acionistas e funcionários" da empresa.

CONCENTRAÇÃO

A compra da operadora de TV por satélite a é o maior negócio do setor de televisão por assinatura dos Estados Unidos.

Se os dois negócios forem aprovados pelos órgãos de controle da concorrência dos EUA, as contas de telecomunicações, televisão e internet de 56 milhões de americanos serão controladas por apenas duas empresas - a AT&T e a Comcast.

"O setor precisa de mais concorrência, não mais fusões ", disse o advogado John Bergmayer, do Public Knowledge, grupo de defesa do consumidor sem fins lucrativos.

Craig Aaron, presidente do grupo de defesa de internet aberta Free Press, tem a mesma avaliação: "Os comandantes da nossa indústria de comunicações estão claramente sem idéias. Em vez de inovar e investir em suas redes, empresas como a AT&T e a Comcast estão simplesmente comprando a concorrência."

Em 2011, as autoridades proibiram a compra pela AT&T da concorrente T-Mobile de telefonia móvel.

Dessa vez, para minimizar o risco de o negócio ser barrado pelos órgãos de controle americanos, a AT&T anunciou que, com a fusão, vai expandir o acesso à Internet de alta velocidade a 15 milhões de usuários localizados principalmente em áreas rurais, que não têm acesso a ela.

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